quinta-feira, 22 de julho de 2010

Essa é mais uma de mineiro...

Degustação de Vinho em Minas Gerais.

- Hummm...

- Hummm...

- Eca!!!

- Eca?!
Quem falou Eca?

- Fui eu, sô! O senhor num acha que esse vinho tá com um gostim estranho?

- Que é isso?! Ele lembra frutas secas adamascadas, com leve toque de trufas brancas, revelando um retrogosto persistente, mas sutil, que enevoa as papilas de lembranças tropicais atávicas...

- Putaqueupariu sô! E o senhor cheirou isso tudo aí no copo?!

- Claro! Sou um enólogo laureado. E o senhor?

- Cêbêsta sô, eu não! Sou isso não senhor!! Mas que isso aqui tá me cheirando iguarzinho à minha egüinha Gertrudes depois da chuva, lá isso tá!

- Ai, que heresia! Valei-me São Mouton Rothschild!

- O senhor me desculpe, mas eu vi o senhor sacudindo o copo e enfiando o narigão lá dentro. O senhor tá gripado, é?

- Não, meu amigo, são técnicas internacionais de degustação entende? Caso queira, posso ser seu mestre na arte enológica. O senhor aprenderá como segurar a garrafa, sacar a rolha, escolher a taça, deitar o vinho e, então...

- E intão moiá o biscoito, né? Tô fora, seu frutinha adamascada!

.
- O querido não entendeu. O que eu quero é introduzi-lo no...

- Mais num vai introduzi é nada e nunca! Desafasta, coisa ruim!

- Calma! O senhor precisa conhecer nosso grupo de degustação. Hoje, por exemplo, vamos apreciar uns franceses jovens...

- Hã-hã... Eu sabia que tinha francês nessa história lazarenta...

- O senhor poderia começar com um Beaujolais!

- Num beijo lê, nem beijo lá! Eu sô é home, safardana!

- Então, que tal um mais encorpado?

- Óia lá, ocê tá brincanu com fogo...

- Ou, então, um suave fresco!

- Seu moço, tome tento, que a minha mão já tá coçando de vontade de metê um tapa na sua cara desavergonhada!

- Já sei: iniciemos com um brut, curto e duro. O senhor vai gostar!

- Num vô não, fio de um cão! Mas num vô, memo! Num é questão de tamanho e firmeza, não, seu fióte de brabuleta. Meu negócio é outro, qui inté rima com brabuleta...

- Então, vejamos, que tal um aveludado e escorregadio?

- E que tal a mão no pédovidu, hein, seu fióte de Belzebu?

- Pra que esse nervosismo todo? Já sei, o senhor prefere um duro e macio, acertei?

- Eu é qui vô acertá um tapão nas suas venta, cão sarnento! Engulidô de rôia!

- Mole e redondo, com bouquet forte?

- Agora, ocê pulô o corguim! E é um... e é dois... e é trêis! Num corre, não, fiudaputa! Vorta aqui que eu te arrebento, sua bicha fedorenta!...


Luiz Fernando Veríssimo.

6 comentários:

  1. Ai que maldade do mineirinho com o enólogo! Tudo bem eu ri!
    Um beijo

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  2. kkkkkkkkkkkkkkkkkkkk!
    te juro, eu raxei de rir aqui sozinha...mostrei este texto para uns amigos do trabalho...estão rindo até agora!
    AMEI!
    bjossssssssssssss

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  3. hahahahahaha eu ri muito aqui, viu?
    Mas vem cá, que loucura tudo que vc colocou lá no meu Cantinho, acho que eu deveria ter feito judô tb, né? Tô brincando, é só para descontrair...hehe Bjo, bjo!

    PS: Ahhhhh quanto a ser dublê vc deveria pensar nisso seriamente... ;)

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  4. Rsrsrs!Mas só você mesmo para me fazer rir assim!
    E quanto ao Rio, ficaria feliz demais em estar lá, mas não poderei....uma pena, pois seria bom demais tornar amizades virtuais em reais!Obrigada pelo convite!!!!

    beijos com carinho!

    Bia

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